A perspectiva fenomenológica no campo da genialidade
Ainda no campo da psicologia, mas direcionando-se agora à fenomenologia, é importante destacar duas vertentes a serem consideradas: o meio social, como já desenvolvido, que poderia influenciar no olhar específico de um gênio e a conjuntura, que levando em conta a autonomia e liberdade de cada um, os assemelha e caracteriza. A partir disso, deve-se averiguar as relações entre a percepção subjetiva do sujeito, ou no caso, o sentido atribuído dentro dos diferentes contextos em que se destacaram, além do fator determinante de tal denominação.
Nesse contexto, pode-se considerar a análise de Sakamoto (1999) às teorias de Winnicott em que afirma uma das principais características que configura os gênios: o ato criador.
“Em síntese, segundo as ideias de Winnicott, a ocorrência do fenômeno criativo depende inicialmente de condições ambientais específicas e afetivamente facilitadoras ao longo da vida, depende da vivência de estados subjetivos nos quais existe um trânsito leve entre a realidade interna e o mundo externo e existe toda uma atmosfera afetiva peculiar que dá ambiência ou continência a manifestação do potencial criador.” (SAKAMOTO, 1990).
Ainda acerca de um mesmo processo criativo de relevância ao entendimento e categorização, o psicólogo humanista Abraham Maslow vai apontar grande importância para as experiências criativas, sendo elas consideradas fundamentais à auto realização, estando no nível mais alto da pirâmide hierárquica das necessidades básicas ao ser humano.
“O homem criativo não é o homem comum ao qual se acrescentou algo; o homem criativo é o homem do qual nada se tirou.” (MASLOW)
Ademais, o princípio da intencionalidade do comportamento humano tomado pela fenomenologia e humanismo se refere a outro campo que não a uma sugestiva genialidade intencional, considerando de fato que ninguém pode decidir se tornar um gênio mesmo que em consciência de tal objeto, mas sim no estabelecimento do entendimento que nas escolhas feitas pelos gênios há algo em comum que os levam a sua designação.
E ainda que as condições do ambiente devam permitir sua ascensão, existem estudos que buscam afirmar uma relação de comumente melancolia, depressão e psicopatologia observadas em gênios. Sobre isso, Otto (2003) busca entender essa relação num ponto de vista fenomenológico e analisa teorias e pesquisas, na história e no contemporâneo, em que é traçado esse entendimento. Ele vai apresentar uma diferenciação do mesmo estado de melancolia de uma depressão patológica, assim como afirma Aristóteles, em outras formas, no livro Problema XXX, que dá uma espécie de base biológica para a separação de ambas. E após diversas investigações sobre a vida de gênios e estudos que os relacionam com tais estados, pode-se concluir que o que realmente caracteriza os gênios nessa perspectiva é, por fim, uma completa dedicação no seguimento do que eles acreditam ser de fundamental obrigação: a realização do seu trabalho, ser fiel a sua obra pode ser tido como realização imposta, até certo ponto entre os gênios. Assim, utilizando de princípios fenomenológicos observa-se a atribuição de sentido, considerando tal intencionalidade, ainda realizada de forma autônoma por esses indivíduos tidos como gênios.
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