A velhice sob uma óptica psicossocial

Ao se comentar a respeito dos aspectos psicossociais do envelhecimento, é necessário saber, inicialmente, que a velhice se trata de um processo biológico que é natural e universal e também de uma convenção sociocultural (SANTOS, 1994).

Portanto, é importante ter conhecimento de que, no que se refere à questão social desse fenômeno, há, de acordo com algumas teorias da área psicossocial, um desengajamento social do indivíduo ao longo de seu processo de envelhecimento. Isso se daria de tal modo que, à medida que a pessoa envelhece, ocorreria um afastamento entre ela e a sociedade de forma simultânea e dessa forma haveria um decréscimo na sua quantidade de relacionamentos e interações sociais (DE SOUZA, 2017). Ademais, tal fator seria fomentado pela ausência de políticas públicas que promovessem a inclusão de idosos, o que a acaba por acarretar na ocorrência de um processo de marginalização que impede sua integração e participação na sociedade (KROEF, 1999).

Porém, é perceptível que tal situação pode ser alterada caso o individuo se envolva em grupos de idosos, pois esses ajudam a perceber os processos comuns à velhice de outra forma permitindo uma reformulação social e pessoal dessa fase (KROEF, 1999).

Além disso, também deve-se dar atenção ao fato de que a partir das interações estabelecidas pelo sujeito ao longo da vida, ele não apenas reconstruiria representações acerca do outro, mas também acerca de si mesmo (SANTOS, 1994). Assim, pode-se perceber a influência da propagação de representações sociais que, como comentadas por Jodelet (1993, p.5): “são abordadas simultaneamente como o produto e o processo de uma atividade de apropriação da realidade exterior ao pensamento e da elaboração psicológica e social da realidade” que mostrariam o quanto o contato social é de extrema relevância para a formação de um autoconceito e uma imagem de si que influencia nas ações do indivíduo.

Ademais, é possível perceber que, são presentes algumas ideias divergentes a respeito do processo de envelhecimento (SANTOS, 1994), podendo essas serem até mesmo ligadas a idade do indivíduo. Dessa maneira, como percebido no processo de entrevistas, por um lado haveria a propagação de uma ideia de uma velhice relacionada à fragilidade, incapacidade e dificuldade como apontado na fala da entrevistada M. R. (60 anos, feminino) ao ser perguntada sobre como é envelhecer: “Envelhecer? É..assim... não é fácil... porque vem as limitações... mas faz parte da vida.... É um processo que todos vamos passar [...]”.
E por outro, o levantamento de aspectos positivos referentes à sabedoria e as experiências adquiridas, como percebido no depoimento do entrevistado R.B.S. (17 anos, masculino) quando questionado sobre a forma que enxerga uma pessoa idosa:

Uma pessoa simplesmente maravilhosa e cheia de histórias para contar, é o que eu sempre penso, as pessoas velhas elas passaram bastante tempo nesta terra, independente da idade, então elas têm mais lições de vida para nos dar, então, sempre é bom conhecer elas e sempre dar total atenção.

Outrossim, o impacto da velhice nas representações sociais e na autoestima não estariam focados apenas nisso e também se refletiriam em outras vertentes que se manifestariam de modo diferente entre os gêneros, a exemplo do fato de que, nas mulheres geralmente ocorre o aumento da pressão estética e do reforçamento de um papel doméstico, enquanto que para os homens tal impacto se daria especialmente no âmbito da aposentadoria e no seu status de trabalhador (STEFANELLI, 2018; STUART-HAMILTON, 2002).

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