Álcool na universidade: uma visão cognitiva
O álcool é uma das poucas drogas psicotrópicas que tem seu consumo liberado e até incentivado pela sociedade. O consumo de bebidas alcoólicas faz parte da cultura brasileira, é socialmente aceito e frequentemente reforçado, mesmo sendo um facilitador de situações de risco e um dos maiores fatores de adoecimento (Amaral& Bessa,2004). De acordo com IBGE 2015 mais da metade da população brasileira de 12 a 65 anos fizeram uso dessa substância.
Outros fatores que motivam o uso de bebidas alcoólicas, tem sido por limitações físicas ou crônicas, a baixa autoestima, os temores e as dificuldades para estabelecer relações interpessoais, a falta de habilidade para resolver problemas, a baixa tolerância à frustração, ao fracasso e à dor, a insegurança, a timidez e a instabilidade emocional, como também existe a busca por sensações novas, desejo de independência, crise do desenvolvimento e crescimento, imitação de pessoas famosas, pressão do grupo de amigos, confusão de valores, carência de alternativas de lazer. Como também são inúmeros os fatores de risco devido ao consumo e abuso de álcool está fortemente associado na queda no desempenho escolar, dificuldade de aprendizado, prejuízo no desenvolvimento e estruturação das habilidades cognitivo-comportamentais e emocionais, além de causar modificações neuroquímicas, com prejuízos na memória, aprendizado e controle dos impulsos.
Dentre as funções cognitivas, foram interpretadas em termos de uma vulnerabilidade especifica dos lóbulos frontais aos efeitos tóxicos do álcool. O lobo frontal é dividido em duas áreas principais, que são o córtex motor e o córtex pré-frontal. A principal função do córtex motor é controlar o movimento voluntario, incluindo os de linguagem, de escrita e dos olhos. Já o córtex pré-frontal é responsável pela cognição, ou seja, a habilidade de adquirir conhecimento, pelo comportamento e pelas emoções. Ao ingerir bebida alcoólica, o álcool age de maneira acentuada no córtex pré-frontal, prejudicando a capacidade de julgar e tomar decisões, o que explica o comportamento inconsequente de pessoas embriagadas e acaba trazendo perigo além dos efeitos da droga.
O álcool pode causar, em curto prazo, perturbações no funcionamento cerebral. Pequenas doses podem ocasionar dificuldades motoras, tempo maior de reação aos estímulos e decréscimos na memória; prejuízos reversíveis quando em sobriedade. Contudo, o uso prolongado ou em grandes quantidades tem potencial para gerar danos permanentes no tecido cerebral, resultando em prejuízos que persistem mesmo após um longo período de abstinência (NATIONAL INSTITUTE OF HEALTH, 2004).
O uso de álcool antes dos 21 anos aumenta a probabilidade de desenvolver dependência de álcool na vida adulta. Isso ocorre devido ao fato de que, nesse período o cérebro ainda encontra-se em processo de maturação, só atingindo a maturidade e desenvolvimento completo por volta dos 21 anos de idade (SCAIFE & DUKA, 2009; JOHNSON et al., 2008). Por essa razão, os jovens são mais suscetíveis às alterações estruturais e funcionais no Sistema Nervoso Central (SNC), como a diminuição da plasticidade neuronal, do metabolismo, circulação sanguínea cerebral, atrofia, diminuição de volume da substancia cinzenta e branca que, conjuntamente conduzem aos déficits nas funções cognitivas (BASTOS,2014). Podemos simplificar que: O uso de álcool antes dos 21 anos é extremamente desaconselhável, porque o Sistema Nervoso Central ainda está em desenvolvimento, como também pela possibilidade de atrapalhar seu amadurecimento normal, causar alterações no desenvolvimento da personalidade e prejudicar funções como memória e atenção. Por sua vez, estes prejuízos podem levar a dificuldade de aprendizagem e piora no desempenho escolar.
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