O Transtorno do Espectro Autista sob as lentes da teoria piagetiana e a questão da inclusão escolar
Por Antonio Marcos
De acordo com o biólogo, psicólogo e epistemólogo Jean Piaget, a criança percorre um desenvolvimento que segue algumas características dentro de estágios que ele intitula de sensório-motor, pré-operatório, operatório concreto e operatório formal. Cada um destes estágios é marcado por habilidades específicas que a criança é capaz de executar, e o desenvolvimento se dá ao passo que o indivíduo consegue superar habilidades tidas como primitivas para habilidades mais evoluídas, digamos assim, e passar para o próximo estágio. Este é o desenvolvimento típico que Piaget formulou em sua epistemologia genética.
Trazendo o TEA sob as lentes piagetianas, o temos como um desenvolvimento atípico, ou seja, que não segue o percurso típico de superação/aquisição de habilidades. A criança autista carrega algumas características que impedem ou retardam seu progresso nos estágios do desenvolvimento. De fato, uma das hipóteses acerca do TEA é de que "crianças com autismo mesmo mais velhas apresentariam um funcionamento psicológico característico de etapas iniciais do desenvolvimento cognitivo e socioemocional" (MAZETTO, 2015). Gonçalves (2016) afirma que a criança mantém algumas particularidades de estágios anteriores, mesmo com idades avançadas. Devido a algumas defasagens impostas por limitações físicas, cognitivas, sociais e emocionais no início do desenvolvimento, a criança autista não consegue desenvolver a socialização satisfatoriamente, comumente mostrando um caso de isolamento.
Piaget considera que conhecimento é construção que resulta da ação, e divide, deste modo, o conhecimento em três tipos: o Conhecimento Físico (descoberta), o Lógico-matemático (invenção) e o Social (interação interpessoal). Assim, fica evidente que o autismo não permite o desenvolver eficaz do Conhecimento Social, aquele que é construído pela criança a partir de suas ações e interações com outras pessoas, com a cultura. Uma das causas desse problema de socialização se deve ao predomínio do egocentrismo que não é superado no decorrer dos primeiros anos de vida da criança e a impede de se relacionar com as outras por não ser capaz de enxergar os diferentes pontos de vista. O egocentrismo, na perspectiva piagetiana, define-se como um estágio primitivo de pensamento lógico que possui três características essenciais: a inconsciência da diferenciação entre o ponto de vista próprio e alheio; ausência de lógica, assim afirmando constantemente sua própria realidade; e a tendência ao predomínio de representação imagética sobre a representação conceitual (PIAGET, 1923, apud GONÇALVES, 2016). É por este motivo que a criança com TEA encontra dificuldades no âmbito escolar no contexto socioemocional e no educacional, pois além de não ter desenvolvido bem sua socialização, depende de um método de ensino que leve em consideração suas necessidades particulares, como, por exemplo, a predominância da capacidade de se relacionar melhor com coisas tangíveis, palpáveis, do que com aparatos conceituais.
Piaget considera que conhecimento é construção que resulta da ação, e divide, deste modo, o conhecimento em três tipos: o Conhecimento Físico (descoberta), o Lógico-matemático (invenção) e o Social (interação interpessoal). Assim, fica evidente que o autismo não permite o desenvolver eficaz do Conhecimento Social, aquele que é construído pela criança a partir de suas ações e interações com outras pessoas, com a cultura. Uma das causas desse problema de socialização se deve ao predomínio do egocentrismo que não é superado no decorrer dos primeiros anos de vida da criança e a impede de se relacionar com as outras por não ser capaz de enxergar os diferentes pontos de vista. O egocentrismo, na perspectiva piagetiana, define-se como um estágio primitivo de pensamento lógico que possui três características essenciais: a inconsciência da diferenciação entre o ponto de vista próprio e alheio; ausência de lógica, assim afirmando constantemente sua própria realidade; e a tendência ao predomínio de representação imagética sobre a representação conceitual (PIAGET, 1923, apud GONÇALVES, 2016). É por este motivo que a criança com TEA encontra dificuldades no âmbito escolar no contexto socioemocional e no educacional, pois além de não ter desenvolvido bem sua socialização, depende de um método de ensino que leve em consideração suas necessidades particulares, como, por exemplo, a predominância da capacidade de se relacionar melhor com coisas tangíveis, palpáveis, do que com aparatos conceituais.
“[...]a alfabetização de uma criança com TEA começa no entendimento do funcionamento do pensamento do autista, como, por exemplo, suas alterações no que diz respeito a percepção de mundo, as sensações, os medos e seu desempenho linguístico” (BENTO, 2019).
Bento (2019) informa ainda que a adaptação da estrutura escolar e do conteúdo que é passado em aula é de suma importância para o bem-estar deste aluno. A atenção e o acompanhamento contínuo é essencial, buscando prover ao autista um ambiente no qual se sinta confortável e que atenda às suas singularidades.
É importante que o Transtorno do Espectro Autista seja o menos tardiamente possível diagnosticado, para que a criança consiga se desenvolver de maneira mais satisfatória, amenizando características que podem, futuramente, lhe impor dificuldades mais expressivas, além de lhe prover uma melhor qualidade de vida. É também fundamental salientar que o desenvolvimento da criança autista não vai ser impedido pelo diagnóstico, tudo dependerá do modo como ela lida com o mundo e do meio em que ela está inserida – e que ele seja um meio que permita a expressão e o florescer de suas potencialidades.
REFERÊNCIAS:
Bento, R. D. S. L. Alfabetização e letramento: discussões acerca do Espectro Autista. 21. ed. Patos. p. 6-15. 2019
Gonçalves, P. L. A teoria da mente de crianças com autismo na ótica piagetiana (Doctoral dissertation, Universidade de São Paulo)
Mazetto, C. T. M. (2015). A criança com autismo: trajetórias desenvolvimentais atípicas à luz da teoria piagetiana da equilibração (Doctoral dissertation, Universidade de São Paulo).
Wadsworth, Barry J. Inteligência e afetividade da criança na teoria de Jean Piaget. 2. ed. São Paulo: Livraria Pioneira Editora.
Comentários
Postar um comentário