Fisiologia e Transtorno Obsessivo-Compulsivo
O
Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) é um distúrbio mental no qual o indivíduo
é acometido por compulsões e obsessões, de modo a comprometer sua vida nos mais
variados aspectos. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), este
transtorno está entre as dez maiores causas de incapacitações, além de ser o
quarto transtorno psiquiátrico mais comum.
Segundo
Campos (2001), o TOC se apresenta de forma análoga em todas as faixas etárias.
Talvez por essa razão, a maioria das pesquisas considere igualmente esse
transtorno em crianças e adultos. Em virtude dos fatos mencionados, este texto
tem como objetivo analisar, a partir de uma perspectiva morfofisiológica, como
o TOC se manifesta. Porém, apesar deste enfoque morfofisiológico, o trabalho
como um todo visa estudar o desenvolvimento do TOC nas fases da infância e
adolescência.
Apesar
da ciência ainda não ser capaz de identificar qual a verdadeira causa deste
transtorno, estudos voltados para os fatores biológicos apresentam algumas
mudanças fisiológicas no cérebro dos indivíduos que possuem TOC.
A partir de estudos baseados em neuroimagem,
foi possível notar diferenças entre o metabolismo cerebral de pessoas com e sem
TOC. Teorias apresentam a ideia de que os sintomas do Transtorno
obsessivo-compulsivo (SOC) estejam relacionados a um dano no circuito que
conecta o córtex orbito-frontal, o núcleo caudado e o tálamo (circuito
córtico-estriado-tálamo-cortical, ou CETC). De acordo com Saxena (1998), citado
por Cordioli (2014), essa teoria foi proposta por estudiosos da UCLA na década
de 90.
Cordioli (2014) explica que o CETC funciona
da seguinte maneira: sinais excitatórios, (via direta) vindos do córtex,
provocariam a excitação do núcleo estriado (formado pelo globo pálido, putâmen
e núcleo caudado) reduzindo a sua atividade sobre o tálamo, permitindo que este
envie impulsos ao córtex.
Sinais
inibitórios, que seguem uma via indireta, passam pelas estruturas estriatais,
pelo tálamo e chegam ao córtex. No Transtorno obsessivo-compulsivo, essas vias
estariam em desequilíbrio, o que resultaria na hiperatividade do circuito,
ocasionando assim um aumento na atividade do tálamo que, por sua vez, enviaria constantemente impulsos excitatórios ao
córtex orbito-frontal. De acordo com Campos e Mercadante (2000, p.3) “O mesmo modelo tem sido proposto para
crianças e adolescentes, apesar das possíveis diferenças nas diversas etapas do
desenvolvimento ainda não terem sido delineadas.”.
Desse modo, fica claro o auxílio que os
estudos morfofisiológicos exercem a fim de ampliar os conhecimentos disponíveis
sobre o TOC. Esta é uma atitude extremamente importante pois, apenas a junção
de profissionais de áreas diversas é que será possível melhorar a qualidade de
vida de todos aqueles acometidos por este distúrbio.
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