Mudanças neuroanatômicas e neurofuncionais

O envelhecimento traz consigo várias alterações fisiológicas que estão, geralmente, associados a algumas diminuições funcionais de órgãos como rins, fígado, pulmões, coração, etc. O mesmo ocorre com o sistema nervoso. Entretanto, isso não significa que o idoso vá se tornando incapaz cognitiva e psiquicamente por conta dessas mudanças. Pelo contrário, indivíduos saudáveis tendem a preservar muitas habilidades cognitivas, sociais e psíquicas e manter a sua independência. Um dos fatores que corroboram para essa errônea relação entre velhice e incapacidade é a maior propensão de um indivíduo sênior a doenças neurodegenerativas. 

Algumas das mudanças mais visíveis são as reduções do peso do encéfalo (aproximadamente 10%), do fluxo sanguíneo cerebral (aproximadamente 15-20%) e do número de neurônios (MORAES; MORAES; LIMA, 2010). Outra importante alteração é a redução da velocidade de condução do estímulo neural, devido à perda de mielina nas fibras neurais (BIZON; GALLAGHER, 2005). As alterações volumosas do encéfalo podem ser nitidamente vistas, conforme a imagem a seguir que compara um cérebro de um adulto com um cérebro de um idoso.

Silva (2007) afirma que durante o processo de envelhecimento ocorrem diversas alterações macro e microscópicas no encéfalo, as quais incluem o peso e o volume do  órgão;  o  aspecto  dos  giros  e  sulcos;  o  volume  dos  ventrículos;  o  tamanho  e  o  número dos neurônios, além da extensão da  ramificação  dendrítica;  o  número  de  espículas  e  de  sinapses;  o  acúmulo  de  pigmento  de  lipofuscina  nos  neurônios  e células gliais e o aparecimento de modificações  microscópicas  características,  como as placas senis, os enovelamentos ou emaranhados neurofibrilares, a degeneração granulovacuolar, os corpos de Hirano e a angiopatia amiloide cerebral, também citados  por  outros  autores  (MARTIN,  2006; TOESCU; VERKHRATSKY, 2007; SCAHILL et al., 2003). 

Todas essas mudanças biológicas trarão algumas consequências. Haverá uma diminuição da habilidade em tarefas que requerem maior velocidade e flexibilidade no processamento de informações e alguns comprometimentos na memória processual e na lembrança livre. A degenerescência neurofibrilar torna a neuroplasticidade menos ativa e menos eficaz, o que dificulta a capacidade de novas aprendizagens. A morte neuronal obriga o indivíduo a recrutar mais sistemas neurais, até mesmo para realizar tarefas relativamente simples. Os emaranhados neurofibrilares corroboram para a morte celular que, por sua vez, se unem a proteína amiloide, formando as placas senis. As placas senis ocupam os espaços entre os neurônios, impedindo assim a comunicação neural (CANCELA, 2007).


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