Contribuições da Psicologia Social para o Transtorno do Espectro Autista

Por Joabe Barzilai


O autismo é uma condição caracterizada pelo desenvolvimento acentuadamente anormal e prejudicado nas interações sociais, nas modalidades de comunicação e no comportamento (American Psychiatric Association [APA], 2013). Tal condição abre um leque de possibilidades para a discussão dentro da psicologia social, visto que as transformações das interações entre os indivíduos são inevitáveis. Logo, a “Psicologia Social pretende alcançar uma perspectiva sempre crítica e política dos fenômenos sociais.” (LANE, 2002). Porém ainda há uma resistência em aceitar as contribuiçẽs desse campo de saber como forma de investigação científica no que se refere ao autismo, isso porque há uma grande preferência em outras áreas como, análise do comportamento, psicanálise e, cognitiva para explicar o TEA. Afinal, qual é o papel da psicologia social nesse processo de construção de saber?

A primeira grande contribuição da Psicologia Social para o TEA é a relação indivíduo e sociedade, mais especificamente, diferença e cultura. A psicologia social ilumina os debates sobre os territórios das diferenças e os processos de homogeneização na produção de subjetividades contemporâneas e, nesse sentido, favorece a compreensão sobre o problema da subjetivação, entre singularidade e diferenciação, identidade e devir, iguais e diferentes.  Assim, é impossível entendermos as nuances do TEA sem antes  olharmos o contexto social e a forma como a cultura influencia nesse processo. Isso porque. “É a cultura que identifica algo anormal ou errado, lhe dá um nome e toma alguma atitude, e cada cultura reage de forma diferente. [...] a doença pode ser biológica, mas nunca é somente biológica.” (GRINKER, 2010, p 22- 24)

"Por isso, entender como nossa sociedade se comporta com relação à diferença favorece a compreensão dos modos de organização subjetiva, além, é claro, de nos fornecer melhores instrumentos de intervenção com vistas à proteção das pessoas que não são vistas dentro do “normal” ou típico, de quem nosso projeto social busca manter razoável distância." (NOGUEIRA, 2013).  


REFERÊNCIAS:
NOGUEIRA, M. L. M. Espaço e subjetividade
na cidade privatizada, 2013. 251 f. Tese de douturado (Doutorado em geografia) –Universidade Federal de Minas Gerais. Belo
Horizonte, 2013.

LANE, S. T. M; BOCK, A. M. B. ABRAPSO –Uma história da Psicologia Social enquanto práxis. In JACÓ-VILELA, A. M (et al) Psicologia social – relatos na América Latina. São Paulo: casa do Psicólogo, 2002.

GRINKER, R. R. Autismo: um mundo obscuro e conturbado. São Paulo: Larrousse do Brasil,
2010

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