Prazer que vicia: álcool e sistema nervoso
A partir de pesquisas descobriu-se que o álcool excita regiões cerebrais, as vias mesolímbica e mesocortical, que participam do circuito motivacional e podem levar a autoestimulação. A substância age então, direta ou indiretamente, na região do sistema de recompensa cerebral, constituída por circuitos neuronais que reforçam ações positiva ou negativamente. Ao receber um estímulo prazeroso, o núcleo accumbens, região central do sistema de recompensa, apresenta um aumento de dopamina. O álcool, como uma droga de abuso, atua no neurônio dopaminérgico cujo o responsável pela neurotransmissão é a dopamina, estimulando o acréscimo repentino da mesma. O que constitui um mecanismo reforçador ao uso da bebida alcóolica.
No núcleo accumbens, além da dopamina, principal neurotransmissor excitatório, há também a noradrenalina, a serotonina, o glutamato, e o mais importante neurotransmissor inibitório, o ácido gama-aminobutírico(GABA). Quando na presença do álcool, este é liberado acentuadamente em diversas regiões do cérebro, sobre seus receptores celulares, concomitantemente com a o aumento da produção da dopamina. Como a bebida alcóolica afeta também o sistema límbico, responsável pela memória, o acontecimento é guardado como de prazer intenso, de forma que o cérebro queira repeti-lo. O uso excessivo desse sistema de recompensa pode levar a dependência.
O GABA em interação com a bebida pode mediar efeitos como a redução da coordenação motora e o efeito ansiolítico. O que explica o uso que algumas pessoas fazem da bebida alcóolica como forma de fuga dos problemas. Em pequena quantidade, a substância pode deixar a pessoa mais desenvolta, com sentimento de felicidade, por estimular as células encefálicas. No entanto, quando começa a haver um aumento de bebida alcóolica no sistema nervoso central, por conta do aumento de álcool na corrente sanguínea, expandem-se os impactos nos circuitos neuroquímicos e são causadas alterações no comportamento do jovem.
Desde aproximadamente 11 anos o cérebro dos jovens sofrem significativas mudanças, sendo estas acentuadas no fim da adolescência, entre 18 e 20 anos, que é em média a idade que os jovens entram na universidade e também têm um pico no consumo de substâncias alcoólicas. As mudanças ocasionadas no cérebro nessa idade têm maior chance de serem retidas e registradas até a fase adulta como drogatização e alcoolismo. (NIEL, JULIÃO e SILVEIRA, 2007 apud SILVA, 2014). A memória e aprendizagem também são atingidas negativamente.
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